segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Relações Interdisciplinares

As relações interdisciplinares são, sem dúvida, um grande avanço na educação; Espírito Santo (2002,p.120) explica:
                      
“A interdisciplinaridade leva o aluno a perceber o vínculo fundamental de qualquer disciplina com o universo das artes. Assim é que, juntamente com o estudo de qualquer conteúdo, as artes acompanharão como distintas formas de expressão de tal conteúdo”.

 Com efeito, a arte pode ser entendida como forma de expressão de todo e qualquer sentimento, sensação, entendimento, etc., ou seja, um modo de transmitir o subjetivo a terceiras pessoas que não participaram do processo de conhecimento (formulação dos seus próprios conceitos sobre determinado conhecimento empírico).
  Assim, a interdisciplinaridade permite que o indivíduo passe a encarar as matérias de forma contextual, possibilitando a facilitação na recepção das idéias e conceitos, sua interpretação e posterior expressão de todo o conhecimento que lhe foi transmitido.
  Muitas vezes, verificamos que os conflitos na sociedade decorrem do fato de que as pessoas não conseguem expressar de forma clara suas próprias idéias. A existência de conceitos ambíguos, não representados exclusivamente e universalmente pelos mesmos símbolos ou expressões geram dúvidas e incertezas nas relações sociais.
  Possibilitando às crianças o aprendizado e posterior controle sobre as formas de expressão, inclusive em relação à todas as matérias disciplinares constantes de seu currículo, estar-se á dando um enorme passo para o desenvolvimento de toda a humanidade.
  Por outro lado, a interdisciplinaridade deve ser entendida como um fenômeno estritamente necessário no processo de conhecimento, pois possibilita ao indivíduo a compreensão do “todo” e não apenas da “parte” ou das “partes” individualmente consideradas, aqui no caso, as matérias curriculares.
  Um exemplo é a tendência atual verificada na Medicina. Existem especialistas e mais sub-especialistas sobre determinadas partes do corpo. Mas a sujeição do indivíduo a uma análise conjunta e geral pode levar a um diagnóstico totalmente diferente daquele realizado observando-se apenas a parte do corpo afetado. O tratamento apenas da parte pode representar o tratamento de um sintoma, mas a causa permanecerá e a cura irrealizada.
  No caso do ensino fundamental, um dos melhores exemplos da inexistência de interdisciplinaridade é a “decoração” de dezenas de formulas complexas de matemática, física, química, etc. Porém, os mesmos alunos que as “decoram” não conseguem aplicá-las na realidade, quando postos diante de um problema prático da vida real.
  No meu caso, tenho um exemplo prático: o número imaginário “i” da matemática, ou seja, a raiz quadrada de –1; o que ele significa, o seu gráfico, qual a sua relação com a física, química, etc? Até hoje, sei operar de forma mecânica o tal número imaginário, mas nunca o apliquei na resolução de problemas cotidianos e práticos.Assim, a interdisciplinaridade deve ser entendida como parte integrante de todas as matérias curriculares, permitindo o entendimento integral de determinada matéria e sua relação com as demais e com o mundo em que vivemos, e no caso específico das artes, como forma de integração e expressão do aprendizado.

Maria Isabel Braggion Archangelo