Desde os primórdios da humanidade o homem sempre sentiu a necessidade de se expressar, quer através da confecção de objetos utilitários e de adornos, quer através de pinturas rupestres.
Dada a inteligência inerente à própria natureza humana, as formas de expressão se evoluíram, retratando a atual situação fática um verdadeiro sistema virtual.
Com efeito, hoje pode-se conhecer o acervo do Louvre, Paris, através da internet, ou então realizar uma operação cirúrgica à distância reunindo-se melhores especialistas do planeta, através de video-conferências.
Não é necessário, pois, continuar a relatar os avanços tecnológicos da humanidade dada a sua notoriedade.
Muito embora inserida nesse contexto "hi-tech", devo confessar que, a cada dia da minha efêmera existência, tenho a certeza da minha ignorância em relação ao aprendizado que a vida nos aplica. Nessa seara não despenderei maiores delongas relativas ao meu currículo, mas sim ao verdadeiro curso superior que aqui estou a frequentar. Em Jundiaí, SP ou em São Paulo, tive o privilégio de cursar uma das melhores faculdades na área de artes plásticas, Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP, bem como a realizar cursos extracurriculares com os mais notáveis expoentes de cada área; porém, o que aprendi releva-se insuficiente em relação à dimensão desse planeta.
Melhor explicitando, em meu estado, passo dias sem conversar com pessoas na rua ou com meus próprios vizinhos, quer seja pela agitação da vida, quer pela paura da violência que assola as capitais.
Nessa minha breve passagem por Vitor Meireles tive a oportunidade de conviver com pessoas que realmente estão se importando e se preocupando pelos próximos, fato esse comprovável por um simples "bom dia" que emana de um verdadeiro sentimento interior, o que, na via reflexa, revela o bem estar físico e mental das pessoas que aqui convivem.
No que tange à natureza, a fauna e a flora que aqui existem, não existem como em outro lugar. Tive experiências simples, porém belas, tais como observar de perto um boi ou uma ovelha, que caso não fosse a iniciativa da empresa Pozzani situada no município de Jundiaí - SP, com o apoio da Prefeitura Municipal de Vitor Meireles, jamais seria possível para uma pessoa cosmopolitana.
Mas o que quero realmente confessar com toda essa divagação é a importância do aprendizado que acumulei nesta minha estada por esta bela cidade serrana no interior catarinense. O brilho no olhar das crianças e dos adultos que pintavam peças de porcelana, pondo em prática as idéias que se encontravam alojadas em suas mentes não se aprendem em uma sala de aula fechada das universidades; é na convivência harmoniosa do homem com a natureza que se encontra a verdadeira resposta à indagação do conceito da arte.
Não devemos pois desprezar todo o conjunto da evolução da humanidade mas aliar a todo nosso conhecimento as coisas mais simples da natureza: o pingo da chuva que cai na poça da água formada na rua não asfaltada, o cheiro de terra molhada, o aroma do café preparado na hora, as crianças brincando descompromissadas na rua, o jantar alegre das famílias reunidas, etc.
Com efeito Claude Monet realiza as suas principais obras observando a simplicidade da natureza, retratando os efeitos da luz solar sobre as formas, dedicando a isso a ciência imensurável, pois passava dias a observar tais formas de incidência.
E o que dizer então de Michelangelo e Leonardo da Vinci, que observavam a simplicidade dos traços humanos, realizavam as suas obras exponenciais.
Realmente esses dias que aqui convivi foram essenciais como complemento para o meu aprendizado para a vida, pois passei a compreender que o belo se encontra nas coisas mais simples do nosso dia a dia.
Para encerrar, gostaria de agradecer novamente a essa iniciativa da empresa Pozzani com o apoio da Prefeitura de Vitor Meireles e das maravilhosas pessoas dessa comunidade, que todos juntos ajudaram-me a aprender a mais importante das lições: a simplicidade do belo.
Maria Isabel Braggion Archangelo - artista plástica / arte educadora
Publicado no jornal Voz do Vale, Vitor Meireles, SC
29 de Julho de 2005
Vista de Vitor Meireles - SC
Peças finalizadas
Prontas para serem queimadas a 790 graus
