segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Imaginação

  O conceito de imaginação, em se tratando de uma experiência equívoca, nem sempre baseada na lógica, é de difícil consideração racional.
  Na esfera da psicologia, Pieron nos mostra que a imaginação é um processo de:

            "(...) pensamento que consisite numa evocação de imagens mnemônicas (imaginação reprodutora), ou numa construção de imagens (imaginação criadora). Nesta última acepção, o termo é usado com frequência, para designar a capacidade criadora, muitas vezes generalizada a toda e qualquer atividade inventiva". Apud STORT (1993,p.44).

  Assim, a imaginação pode ser meramente reprodutiva (evocação de imagens) ou criadora (construções de imagens).
  A evocação está intimamente ligada às experiências passadas, vivenciadas pelo sujeito, dando ensejo, eventualmente, a uma novidade.
  Tal lembrança refere-se sempre a objetos pré existentes no mundo físico ou tangível, ou seja, perceptíveis pelos sentidos humanos, sendo que há predominância das imagens visuais sobre outros sentidos.
  Já a fantasia, Stort, (1993) cita o ponto de vista freudiano que propicia a realização de desejos insatisfeitos na realidade objetiva, ou seja, o nosso inconsciente cria uma satisfação-substituta, virtual no lugar da realidade.
  Observa-se que tal mecanismo só age sobre as realidades angustiantes. Isto porque, se a realidade fosse perfeita, do ponto de vista subjetivo-individual, não haveria necessidade da fantasia; esta se moldaria perfeitamente à realidade.
  Assim, quando a realidade é angustiante, a fantasia propicia a sua eliminação, permitindo ao indivíduo reagir e enfrentar a tal realidade, observando-se um determinado limite.
  Esse limite refere-se ao que chamamos de "lunático", ou seja, aquele que vive em um mundo irreal.
  Para alguns autores, a fantasia seria a manifestação desordenada, desregrada e ilimitada de produção de idéias e imagens, quando a imaginação seria um processo de elaboração voluntária e organizada de imagens mentais.
  Para outros, a imaginação seria a reprodução de imagens empíricas, sendo a fantasia relacionada à imaginação criadora, ou seja, um processo de relacionamento de imagens experimentadas que resultam numa conclusão inédita.
  No entento, a fantasia é entendida como criações mentais subjetivas surgidas em face de situações frustradoras.
  Retomando o conceito de imaginação, temos que é uma experiência humana, relacionada a uma sensação tangível ou perceptual.
  Sem uma determinada visão o mundo físico é um conceito tautológico; o mundo físico é o mundo físico, é simplesmente.
  É pela imaginação humana que, reconhecida a distância entre o dado e o sonhado, entre o dado e o construído, gera a transformação do mundo físico (natureza).
  Assim, considerando-se as insuficiências e deficiências do mundo físico, aliada a esta, a imaginação se concretiza.
  Por outro lado, como decorre da experiência empírica, os produtos da imaginação variam de épocas a épocas; isto porque os problemas de cada época divergem totalmente das outras.
  Já os anseios humanos não se baseiam apenas na experiência vivenciada; portanto, não podem ser representados pela linguagem normal, expressam-se por símbolos relacionados à experiência da qual se manifestam.
  Assim, a imaginação simbólica materializa o abstrato, o irreal, ou seja, um mundo de desejos totalmente subjetivo, caracterizado por obras, pensamentos, criações, leis particulares e idiossincrasias. É a visão afetiva do mundo.
  Portanto, a imaginação é decorrência dos conhecimentos empíricos e dos anseios sociais, sendo portanto eminentemente histórica.

Maria Isabel Braggion Archangelo